11 set 2025 | 19:32:19

Os contrastes da "indústria" turfística, nos dois lados do Atlântico

Enquanto Keeneland, com novos recordes, levou o mercado norte-americano à euforia, apreensão dos britânicos sobre uma nova legislação tributária, provocou o histórico cancelamento de um dia todo de corridas.


Produto de Gun Runner alcança US$ 3,3 milhões em Keeneland.

Imagem: Keeneland (Divulgação)

Como um corpo vivo, o mercado turfe, ao redor do mundo, experimenta de diversos sabores - e dissabores -, que, não raramente, colocam, sob um esquema de pleno contraste, determinados polos ou determinados setores da atividade. Nos últimos dias, dois dos principais centros do turfe internacional viveram situações de um estado anímico completamente oposto, que tocam dois setores fundamentais da "indústria" do cavalo de corrida.

Entre segunda-feira e terça-feira, realizou-se o "livro 1" do Keeneland September Yearling Sale, que, ano a ano, compõe a mais concorrida das licitações globais, em se tratando de produtos de sobreano - leiloados, com nascimento, no Hemisfério Norte, por volta de um ano e meio de idade.

Ao todo, 35 produtos restaram leiloados por valores iguais ou superiores a US$ 1 milhão. Esse recorde restou acompanhado por outro: na terça-feira, a média de US$ 662.328,00, tornou-se o novo recorde, para uma sessão diária de vendas, do Keeneland September Yearling Sale.

Um Gun Runner na ganhadora de G2, Thoughfully (Tapit), ao alcançar US$ 3,3 milhões, no "martelo", ocupou o posto de lote mais valorizado do evento, em 2025. Oferecido ao mercado pela Hill 'n Dale, o castanho foi arrematado, em conjunto, por Michael Magnier, White Birch Farm e Winchell Thoroughbreds - os dois primeiros do trio, associados a um famoso "Gun Runner": Sierra Leone; o terceiro, para quem o próprio Gun Runner competiu, em campanha, juntamente da Three Chimneys Farm.

Dos 10 maiores preços, 4 correspondem a produtos de Gun Runner, 3 de Not This Time, 2 de Flightline e 1 de Into Mischief.

Num corte diametral, em direção ao outro lado do Atlântico, contudo, o esporte deparou-se com uma das suas semanas mais sombrias e silenciosas. No "berço" das corridas de cavalo modernas, tal qual as conhecemos, os britânicos promoveram o cancelamento de um dia inteiro de programação, na quarta-feira.

O movimento, que configura um precedente inédito na história do turfe britânico, foi chancelado pela própria British Horseracing Authority ("BHA"), como um protesto à possível nova legislação tributária cujos congressistas ensaiam aplicar às apostas em corridas de cavalo, realizadas no país.

Na mídia ("leiga" e especializada), a repercussão alcançou os principais noticiários e tabloides. As programações e reportagens não se furtaram de estampar a preocupação de figuras elementares da condução do turfe britânico (entre executivos, agentes de apostas e profissionais), acerca da especulada elevação de 15% para 21% sobre a receita obtida, pelos bookmakers oficiais - numa guinada que equipararia os percentuais à tributação aplicada a cassinos e slot machines.

A referida alíquota incide sobre as apostas realizadas fora dos hipódromos - e de onde é auferida a maior parte da receita dos operadoees de apostas. Os bilhetes realizados, presencialmente, nos hipódromos, são isentos da incidência do chamado General Betting Duty, que regula a tributação em questão.

Estima-se que o turfe e sua cadeia produtiva são responsáveis por 85 mil empregos, na Inglaterra. Com uma eventual modificação na legislação tributária dos bookmakers, especula-se que, destes, 2,7 mil seriam postos em xeque, apenas no primeiro ano, a contar da promulgação da nova tabela - de acordo com informações fornecidas pela BHA à reportagem da BBC.

Nesta quinta-feira, as corridas foram retomadas. Uma das mais tradicionais disputas do calendário local, o St. Leger Stakes (G1), no sábado, em Doncaster, será o ápice de uma semana que ficará marcada, para sempre, pelo silêncio, que, num panorama de aflição da indústria, tomou o lugar dos aficionados, nas arquibancadas de Lingfield, Carlisle, Uttoxeter e Kempton Park.

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